José e Antônia sentiam um prazer engraçado na platonicidade da relação que tinham.
Se gostavam mas, por qualquer dessas bobagens que as pessoas inventam dentro delas, resolveram que não ficariam juntos e passavam os dias próximos, com muita coisa em comum, mas mantendo uma distância quase sádica.
Tinham seus momentos e viviam suas histórias particulares, mas sempre esperando a hora de voltar, de estar junto de novo e de se encontrar naquele olhar.
Um dia Antônia não voltou. Pelo menos, não por um bom tempo. E a saudade até apertava nos dois, mas a volta não acontecia e aquele olhar foi morrendo aos poucos e os momentos juntos já não eram mais a mesma coisa.
Não muito depois, o "nós" já não existia e a platonicidade virou o convívio desinteressado mesmo. José já não estava mais lá.
E foi assim, sem esperar nada que os dois, por acaso, se tocaram de novo de um modo antigo e se olharam nos olhos. Uma, duas, várias vezes.
Foi o suficiente.
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