E nós aprendemos desde pequenininhos quais são as palavras que a mamãe não gosta que falemos. Os palavrões ficam restritos aos portões da escola e ainda assim têm que ser ditos longe de qualquer adulto.
Acontece que o tempo passa e a maioria das pessoas sente aquela necessidade de satisfazer a demanda reprimida de tantos anos, botar a boca no mundo e xingar cada toco de madeira em que tropeça.
Agora, será que a gente sabe do que está falando? O que cada uma dessas palavras quer dizer?
Digo por mim: não! Outro dia estava voltando do aeroporto com a minha mãe quando um motorista saiu de uma faixa bem à esquerda e entrou no primeiro retorno à direita fazendo ela dar aquela freada. Como estava na frente da mãe e não podia falar da genitora do indivíduo falei um sonoro "BABACA".
Minha mãe na hora virou e falou:
- Por que você está chamando alguém disso?
Fiquei entre o sem graça e o perdida e ela completou:
- Ainda você sendo uma mulher.
Aí, não! A intervenção era por uma causa machista? Olhei para ela e falei brava:
- Como assim? Se eu fosse um homem poderia falar a palavra?
- Olha, também ia ser estranho, mas você tem e deve enxergá-la de um jeito melhor.
- Tenho? - Perguntei meio perdida.
- Você não sabe o que é babaca, né?
- Acho que não...
- Babaca é vulva.
Ahn?!?! Pois é, passei a minha vida toda usando um palavrão que era um pedaço do corpo e não tinha a menor idéia disso.
Contando essa história muito tempo depois, foi minha filha quem me ensinou uma outra que eu também não conhecia a origem. É aquela parte do corpo do homem que todo mundo vive falando e rima com carvalho.
Caralho era o nome dado ao menor mastro do barco e ele era bem pequenininho mesmo. Aí, sabe como é aquele monte de homem preso dentro de um navio por dias e dias, né? Para fazer rir, inventavam que o marinheiro em questão não era bem dotado e batizaram o órgão dos pobres coitados com o nome do mini-mastro.
Apesar de significar a mesma coisa ainda hoje, a conotação mudou um bocado, pois ele sempre sai das bocas para demonstrar sentimentos grandiosos (negativos e positivos).
Então, foi assim que eu aprendi que não estava usando os palavrões certos. O segundo é imutável. Já tem o seu lugar marcado e não vai ser simplesmente eliminado, mas juro que ando fazendo uma força danada para só chamar os barbeiros de plantão ou os fura-filas de pé ou perna. Faz muito mais sentido!