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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

De boca em boca

Já não era nenhuma novidade que a língua da Letícia não cabia em sua própria boca. Não porque fosse anatomicamente grande, mas porque ela não conseguia guardar tudo que sabia para si.

E não importa que os fatos a serem narrados dissessem respeito à ela, precisava falar, colocar para fora, contar tudo nos mínimos detalhes. Sem que sentisse, lá estava ela passando para frente alguma experiência sua ou de qualquer outra pessoa e sempre exercitando o seu lado comentarista. Porque não basta contar, tem que comentar.

Era assim agora, como sempre fora. E suas histórias de vida iam, cada vez mais, se tornando histórias de domínio popular. Porque gente que fala demais parece ter um imã e só se relaciona com gente igual.

Gente como Marília, nova colega de trabalho, que também não conseguia guardar nada só para si. Ou Carlo, o colega mais próximo de Marília, que quase não conhece mais o tamanho da própria língua. Ou Fernando, o melhor amigo de Carlo. Ou Soraia, a mulher de Fernando. Ou Marcela, a filha do primeiro casamento de Soraia.Ou Toby, o linguarudo cachorro mais novo de Marcela.

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